A Igreja do Santíssimo Salvador da Sé, também referida apenas como Sé Catedral, localiza-se na freguesia da Sé, no centro histórico da cidade e concelho de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores.
É a sede do Bispado de Angra, que engloba o arquipélago dos Açores.
História:
Remonta a uma primitiva igreja paroquial, iniciada por Álvaro Martins Homem em 1461. Sob a invocação de São Salvador, deve ter sido concluída em 1496, data da nomeação do seu primeiro vigário. Sobre esta primitiva igreja pouco ou nada se sabe.
Com o aumento da população e a criação do Bispado de Angra (1534), a Câmara Municipal formulou um pedido para que se construísse um novo edifício para a Sé, no mesmo local, Assim em 1536, a mando do Bispo, e de comum acordo com a Câmara de Angra, fizeram lembrar ao João III de Portugal a necessidade de cumprir o seu compromisso de instalar a sede da diocese.
Apesar disso o soberano não deu seguimento a este pedido, tratando antes dos aspectos organizativos. Este fato levou a Câmara de Angra, em 1557, a mandar nova mensagem ao rei a solicitar construção do novo templo, aproveitando para informá-lo, contudo, que os moradores de Angra não estavam em condições financeiras de contribuir para esse fim.
Finalmente, a 10 de Janeiro de 1568, já no reinado do Cardeal D. Henrique é que a Coroa tomou a decisão de mandar construir a nova Sé às suas expensas. A opção foi no sentido de se construir um novo templo no mesmo sítio do já existente, mas alargando muitíssimo o espaço, que acabou por ocupar todo um quarteirão no centro da cidade, delimitado pelas rua da Sé, Carreira dos Cavalos, da Rosa e do Salinas. Para esse fim foram destinados 3 mil cruzados anuais dos direitos régios sobre o pastel na ilha de São Miguel, enquanto durassem as obras.
Do reino veio a Angra o arquitecto Luís Gonçalves, que elaborou o projeto de um vasto templo maneirista ou de arquitectura chã portuguesa, que seria depois sucessivamente adaptado por outros profissionais, nomeadamente João de Carvalho.
A pedra fundamental foi lançada em 18 de Novembro de 1570, em cerimónia solene, tendo os seus trabalhos se estendido por meio século, com, pelo menos um período de interrupção nos finais do século XVI, durante a Crise de sucessão de 1580.
O edifício começou a construir-se pela fachada principal, para que a antiga Igreja de São Salvador pudesse continuar a servir o culto. Esta é ladeada por duas torres sineiras e, ente ambas, um templete para o relógio, colocado em 1782.
Adossadas ao corpo da Igreja foram construídas quatro capelas, com recursos de particulares e das irmandades, e as sacristias. No início do século XVII foi construído um claustro, conhecido pelo sítio, que serviu no século XIX de cemitério e desapareceu na década de 1950 para dar lugar ao arranjo que atualmente existe na frente para a rua da Rosa. No século XVIII, também nas traseiras, adicionou-se-lhe a Sacristia Grande e a Sala do Tribunal Eclesiástico.
O templo foi reconsagrado em 1808.
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) aqui eram celebrados os "Te Deum", quer por realistas quer por liberais no poder. Em 1829, a Junta Provisória mandou recolher a prataria e os sinos das igrejas (exceto o estritamente necessário ao culto) à Casa da Moeda estabelecida na Fortaleza de São João Baptista, para fundir moeda - os "malucos" de 80 réis. Em função dessa medida, este templo perdeu todos os seus sinos pequenos e muitas das antigas alfaias, tendo sido salvo a custo, por meio de negociação, o magnífico frontal de prata do altar do Santíssimo.
Aqui foi realizada a cerimónia de batismo de Ngungunhane e seus companheiros de exílio, a 16 de abril de 1899, pelo bispo de Angra, D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito, tendo como padrinhos os principais notáveis da ilha.
O terramoto de 1980 causou extensos danos ao edifício. Com os trabalhos de restauração a decorrer, em 25 de setembro de 1983 registou-se a derrocada de uma das torres e, dois anos após, em 25 de novembro de 1985, um grande incêndio que destruiu por completo as talhas douradas dos altares, os órgãos de tubos e o teto em caixotões.
Nessas catástrofes perdeu-se um enorme espólio artístico, principalmente de decoração barroca, mas foi possível reedificar o templo que manteve a sua imponência e continua a ser o centro religioso dos Açores e um importante centro cívico da cidade, onde decorrem os mais proeminentes acontecimentos.
Encontra-se classificada como Monumento Regional pela Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, classificação consumida por inclusão no conjunto classificado da Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo, conforme a Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, e artigo 10.º e alínea a) do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.
Em torno da construção existiu sempre um amplo adro. Esse adro, com escadaria para a rua da Sé, foi melhorado em 1845 na frente para a rua do Salinas. Esse adro alberga em nossos dias uma estátua do Papa João Paulo II, comemorativa da sua visita, em 11 de maio de 1991.
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