sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cultura do pastel.

Pastel é o nome comum da planta Isatis tinctoria L. e do extracto fermentado das suas folhas, usado como corante azul em tinturaria e pintura. O corante era também usado em pinturas corporais e para fins medicinais. Com a introdução do índigo e do anil, caiu em desuso. A sua utilização actual limita-se à tinturaria artística e à de tecidos orgânicos (isto é produzidos sem recurso a produtos sintéticos).
   O  pastel é uma planta anual ou bienal, raramente perene, da família das crucíferas ("Brassicaceae"), nativa no leste da Europa, mas naturalizada em quase toda a zona temperada e subtropical. É muito semelhante no hábito, ramificação e aspecto das folhas ao nabo silvestre e à couve. Atinge cerca de 100 cm de altura, produzindo entre Maio e Setembro abundantes flores hermafroditas amarelas, agrupadas em pequenos cachos. As flores são polinizadas por insectos e produzem vagens que amadurecem cerca de um mês após a polinização. Pode ser cultivada em qualquer tipo de solo, embora prefira solos ligeiros. Necessita de elevada humidade para germinar e de boa exposição solar para atingir o máximo desenvolvimento, embora tolere algum ensombramento. No seu habitat natural e nas zonas onde se naturalizou aparece em zonas perturbadas de carácter ruderal e em falésias e outros locais bem drenados. As folhas são amargas e fortemente adstringentes.
   As folhas e caules são ricos no glicosídeo "indican" que, ao decompor-se por fermentação, produz indigotina, o princípio activo do corante azul índigo. O pastel-dos-tintureiros, depois de seco, é uma substância terrosa, sem cheiro ou sabor, de cor azul-escuro, ganhando um brilho violeta acobreado quando esfregado, contendo, além da indigotina, numerosas outras substâncias corantes e impurezas inertes. A indigotina é insolúvel em água, daí o seu interesse em tinturaria, dissolvendo-se apenas em ácidos fortes.
   Era cultivado em canteiro e depois replantado em regos, usando a mesma prática cultural comumente usada para as couves. A planta não podia ser cultivada com sucesso no mesmo terreno em anos seguidos, pelo que era cultivada em rotação com trigo, milho ou hortícolas. As folhas da planta do pastel eram colhidas duas vezes por ano, trituradas num engenho constituído por uma atafona movida por uma vaca ou burro, e transformadas em bolas que eram deixadas fermentar. A fermentação, que produzia um cheiro pútrido intenso, levava ao desdobramento dos pigmentos corantes contidos nas folhas. As bolas fermentadas eram depois deixadas a secar até atingirem um grau reduzido de umidade, sendo depois encaminhadas para as tinturarias.
   O pastel, a par da urzela, constituiu um dos principais produtos de exportação dos Açores no seu período inicial de colonização (séculos XV e XVI), originando um activo comércio entre as ilhas e a Flandres. Este comércio, cedo transformado em monopólio da coroa portuguesa, era tão importante que foi criado o cargo de "lealdador" do pastel com o objectivo de garantir a qualidade e o peso das bolas exportadas. Desse tempo ficaram vários traços na toponímia açoriana, sendo comuns as designações de Canada do Engenho e Engenho, referindo os locais onde se situavam as instalações de preparação do pastel. No Faial a memória da cultura do pastel é perpetuada na designação do lugar do Pasteleiro, arredores da cidade da Horta.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ilha das Flores - Fajã Grande.



A Fajã Grande é uma freguesia rural do do concelho das Lajes. Tem 12,55 km² de área e 202 habitantes (2011), o que corresponde a uma densidade populacional de 16,1 hab/km². Apesar das sua pequena população, ainda assim é uma das freguesias mais povoadas do concelho das Lajes das Flores. Situa-se na costa oeste da ilha das Flores, a cerca de 17 km da sede do concelho. A paróquia católica correspondente tem São José como orago.
   Localizada numa extensa fajã da costa oeste da ilha, delimitada do lado de terra pela enorme escarpa da Rocha da Fajã, uma falésia que nalgumas zonas excede os 600 m de altura, e do outro por uma linha de costa baixa e muito recortada, a Fajã Grande é composta por três lugares: a Fajã Grande, centro da freguesia e a sua localidade mais populosa; a Ponta da Fajã Grande, uma povoação sita numa estreita fajã encaixada entre o mar e a base da falésia da Rocha da Fajã, a norte da Fajã Grande; e a Cuada, um povoado sito num planalto a sueste, no limite com a freguesia da Fajãzinha, durante muitos anos deserto, hoje um empreendimento de turismo rural classificado como Conjunto de Interesse Municipal.
   A Fajã Grande confronta com as freguesias de Ponta Delgada das Flores e Fajãzinha e considera-se o lugar mais ocidental de toda a Europa, já que para oeste apenas lhe fica o desabitado ilhéu do Monchique, descrito pelo padre José António Camões, um nativo da Fajã Grande, nos seguintes termos.
   A Fajã Grande é formada por terrenos detrítico, provenientes da falésia da Rocha da Fajã, produzindo um rico solo, embora pedregoso, o que se alia à abundância de água para fazer dos terrenos da freguesia férteis campos. O abrigo fornecido pela falésia e pela irregularidade do terreno permitiu também a instalação de pomares e de hortas, destacando-se a produção de inhames nos terrenos inundados, considerados os melhores dos Açores. Hoje a maior parte dos terrenos encontra-se abandonada, dada a recessão demográfica que a freguesia sofreu.
   O porto da Fajã Grande, outrora uma das principais portas de entrada na ilha, encontra-se hoje reduzido a uma zona balnear, sendo apenas ocasionalmente utilizado pelas embarcações locais. Toda a zona que o rodeia, e a enorme praia de calhau rolado que se prolonga até à Ponta, são hoje uma das mais apreciadas estâncias de lazer da ilha, atraindo banhistas e surfistas de toda a ilha. A grande qualidade ambiental e paisagística do local, pese embora algumas casas construídas recentemente que destoam, dão à freguesia um grande potencial como destino turístico. Já surgiram algumas iniciativas na área da restauração e da hotelaria, com destaque para o complexo de turismo rural da Cuada, que fazem antever um rápido crescimento da indústria turística.
   A freguesia alberga também alguns do melhores trilhos pedestres dos Açores, com destaque para aqueles que a ligam a Ponta Delgada das Flores.
    lugar da Ponta da Fajã Grande, mais conhecido simplesmente por Ponta, com a sua igreja de Nossa Senhora do Carmo, é uma aldeia de grande beleza e equilíbrio paisagístico, a qual, pese embora a incerteza que sobre ela paira em consequência das restrições legais de habitação impostas na sequência dos desabamentos de 1987, continua a manter cerca de 20 habitantes. Com as suas cascatas a escorrer pelas escarpas abaixo, a Ponta da Fajã Grande é um lugar idílico que teima em manter-se com o carácter próprio e autónomo que criou desde que serviu de fronteira entre as freguesias de Nossa Senhora do Remédios das Fajãs e de São Pedro da Ponta Delgada.
   Sobre a grande falésia da Rocha da Fajã, acima dos 550 m de altitude, a freguesia prolonga-se por um planalto de superfície irregular, recoberto por grandes turfeiras e florestas de vegetação natural. A região é a mais pluviosa dos Açores, com um total anual que se estima exceda os 4 000 mm, o que explica o grande caudal das ribeiras que se precipitam da falésia. Nesse planalto situam-se três enormes crateras inundadas, formando a Lagoa Funda, com cerca de 108 metros de profundidade, a Lagoa Comprida e a Lagoa Branca. Outra grande cratera forma a Lagoa Seca, uma turfeira apenas ocasionalmente inundada.

sábado, 22 de setembro de 2012

Personalidades - Vitorino Nemésio

Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, nasceu na Praia da Vitória  a 19 de  dezembro  de 1901 e faleceu em Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978.
   Foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
   Filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, na infância a vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, uma vez que foi expulso do Liceu de Angra, e reprovou o 5.º ano, fato que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores. Do período do Liceu de Angra, apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deusdado, professor de História, que o introduziu na vida das Letras.
   Em 1919 iniciou o serviço militar, como voluntário na arma de Infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora do arquipélago. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio trocou esse curso pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, e, em 1925, matriculou-se no curso de Filologia Românica.
   Na primeira viagem que faz à Espanha, com o Orfeão Académico, em 1923, conheceu Miguel Unamuno, escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, e teórico do humanismo revolucionário antifranquista, com quem trocará correspondência anos mais tarde.
   A  12 de Fevereiro de 1926 desposou, em Coimbra, Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, com quem teve quatro filhos: Georgina (Novembro de 1926), Jorge (Abril de 1929), Manuel (Julho de 1930) e Ana Paula (final de 1931).
  A 12 de Setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas.
   Foi autor e apresentador do programa televisivo "Se bem me lembro", que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
   Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
   Foi ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, epistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, para além de toda a actividade de docência.
   Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
  
 
  

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ilha de S.Miguel -Freguesia da Ponta Garça

Ponta Garça é essencialmente uma freguesia rural do concelho de Vila Franca do Campo,  com 31,38 km² de área e 3 547 habitantes (2011), o que corresponde a uma densidade populacional de 113 hab/km².
   A freguesia localiza-se na zona central da costa sul da ilha de São Miguel, com o seu centro aproximadamente a 110 metros acima do nível médio do mar. É a maior freguesia dos Açores em área e na extensão do seu povoado, que se desenvolve ao longo de uma estreita e sinuosa rua por mais de 6 km entre Nossa Senhora da Vida e as Grotas Fundas.
   Distando cerca de 8.70 km da sede município, Vila Franca do Campo, a freguesia de Ponta Garça fica situada numa planície junto à costa da ilha de São Miguel, confrontando com o mar e com as freguesias de Ribeira Quente e Furnas (a leste), Lomba da Maia (a nordeste), Maia (a norte) São Brás( noroeste) e Ribeira das Tainhas (a oeste).
   Ponta Garça é um povoado essencialmente linear, com as suas habitações dispostas em banda quase contínua em ambos os lados de uma estreita e sinuosa estrada que percorre a freguesia de leste a oeste, sensivelmente paralela à costa, entre o termo da Ribeira das Tainhas e o extremo leste da povoação, no lugar das Grotas Fundas, situado sobre as falésias sobranceiras à fajã que abriga a Ribeira Quente.
   Essa configuração do povoamento dá à freguesia uma linearidade apenas interrompida pelas sinuosas curvas impostas pela travessia de ribeiras e grotas e pelo declive localmente mais acentuado do terreno. Excepto nas proximidades da igreja e nos Dois Moios, as poucas canadas e ruas transversais têm pouca expressão populacional, já que vasta maioria das 1 054 moradias recenseadas (2001) se localizam ao longo da estrada longitude.
   A agro-pecuária, com destaque para a bovinicultura de leite, é a actividade económica dominante em Ponta Garça. Na ilha de São Miguel, a freguesia é apenas suplantada pelos Arrifes na quantidade de leite produzido e no número de bovinos vendidos.
    construção civil e as actividades a ela ligadas, incluindo o fabrico e a comercialização de materiais de construção, tem vindo a ganhar expressão em Ponta Garça, empregando quase o mesmo número de trabalhadores que a agro-pecuária. O comércio, em especial o retalhista e os bares e cafés, tem alguma expressão na freguesia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ilha do Pico - Igreja de Santa Maria Madalena.



Esta  Igreja localiza-se na Vila da Madalena, ilha do Pico.
   Ignora-se a fundação deste templo situado junto ao porto da vila, fronteiro ao mar, no entanto por volta de 1871, Silveira de Macedo regista que ela era "o primeiro templo da ilha em grandeza e magnificência", e que acabara de ser reparado pela Repartição das Obras Públicas. Por essa época, a igreja conservava a sua primitiva traça: três portas e dois andares de janelas, não tendo frontispício, nem grimpas nas torres.
   Posteriormente foi decidido construir-lhe outra frente, mais elegante e com maior imponência. Foi-lhe então conferida a atual feição, com uma só série de janelas, uma única porta com uma espécie de galilé e duas torres com grimpas, apresentando a particularidade de toda a mesma frente ser coberta de azulejos brancos.
   Todas essas obras, porém, não afectaram o interior, o qual foi restaurado com o melhor critério pelo respectivo vigário, Padre Tomás Pereira da Silva Medeiros. Todas as cantarias têm sido limpas da caliça, diligenciando-se também o douramento das talhas de várias capelas e dos púlpitos. A capela-mor apresenta riquíssimos azulejos sobre a vida de Santa Maria Madalena.
   Em fins do ano de 1953 a capela-mor foi valorizada com belos vitrais alusivos àquela Santa. Mais recentemente um luso-americano, natural da Madalena, ofereceu para a imagem da santa uma rica coroa de ouro.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Personalidades - Teófilo Braga.

Joaquim Teófilo Fernandes Braga, nasceu em Ponta Delgada, 24 de Fevereiro de 1843  e faleceu  em Lisboa, 28 de Janeiro de 1924.
   Foi político, escritor e ensaísta português. Estreia-se na literatura em 1859 com Folhas Verdes. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, fixa-se em Lisboa em 1872, onde lecciona literatura no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). Da sua carreira literária contam-se obras de história literária, etnografia (com especial destaque para as suas recolhas de contos e canções tradicionais), poesia, ficção e filosofia, tendo sido ele o introdutor do Positivismo em Portugal. Depois de ter presidido ao Governo Provisório da República Portuguesa, a sua carreira política terminou após exercer fugazmente o cargo de Presidente da República, em substituição de Manuel de Arriaga, entre 29 de Maio e 4 de Agosto de 1915.
   Em 1890 foi pela primeira vez eleito membro do directório do Partido Republicano Português (PRP). Nessa condição, a 11 de Janeiro de 1891 foi um dos subscritores do Manifesto e Programa do PRP, em cuja elaboração colaborara. Este manifesto, e a sua apresentação pública, precederam em três semanas a Revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, à qual Teófilo Braga, como aliás a maioria dos republicanos lisboetas, se opôs.
   Em 1 de Janeiro de 1910 torna-se membro efectivo do directório político, conjuntamente com Basílio Teles, Eusébio Leão, José Cupertino Ribeiro e José Relvas.
    A 28 de Agosto de 1910 é eleito deputado republicano por Lisboa às Cortes monárquicas, não chegando contudo a tomar posse por entretanto ocorrer a implantação da República Portuguesa.
   Por decreto publicado no Diário do Governo de 6 de Outubro do mesmo ano é nomeado presidente do Governo Provisório da República Portuguesa saído da Revolução de 5 de Outubro de 1910. Naquelas funções foi de facto chefe de Estado, já que o primeiro Presidente da República Portuguesa, Manuel de Arriaga, apenas foi eleito a 24 de Agosto de 1911.
   Quando Manuel de Arriaga foi obrigado a resignar do cargo de Presidente da República, na sequência da Revolta de 14 de Maio de 1915, Teófilo Braga foi eleito para o substituir pelo Congresso da República, a 29 de Maio de 1915, com 98 votos a favor, contra um voto de Duarte Leite Pereira da Silva e três votos em branco. Sendo um Presidente de transição, face à demissão de Manuel de Arriaga, cumpriu o mandato até ao dia 5 de Outubro do mesmo ano, sendo então substituído por Bernardino Machado. Foi a sua última participação na vida política activa.
   O seu mandato presidencial decorreu em condições difíceis, já que João Pinheiro Chagas que havia sido escolhido pela Junta Constitucional para presidir ao governo não pôde tomar posse do cargo, porque na noite de 16 para 17 de Maio foi vítima de um atentado, protagonizado pelo senador evolucionista João José de Freitas, que o alvejou e obrigou a permanecer internado no Hospital de São José. Embora confirmado no cargo a 17 de Maio, logo de seguida foi chamado José Ribeiro de Castro, que em 18 de Junho de 1915 foi empossado num novo governo, o 11.º Constitucional, que se manteria no poder até 29 de Novembro do mesmo ano, cessando funções apenas depois de ter terminado o mandato de Teófilo Braga. Mesmo enquanto Presidente da República, recusava honras e ostentações e andava proletariamente de eléctrico, com o guarda-chuva no braço ou de bengala já sem ponteira. O exercício da presidência não estaria muito na sua maneira de ser.
  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Ilha Terceira - Ilhéus das Cabras.



Os ilhéus das Cabras localizam-se a sueste da cidade de Angra do Heroísmo, na costa sul da ilha Terceira.Administrativamente estão compreendidos na freguesia de Porto Judeu.
   Constituem-se em duas ilhotas vulcâncias, restos de um cone litoral muito desmantelados pela erosão marinha e pelas movimentações tectónicas de um vulcão surtseyano, hoje fortemente palagonitizado. São os ilhéus de maiores dimensões existentes no arquipélago.
   No que diz respeito à avifauna, neles podem observar-se o cagarro (Calonectris diomedea borealis) e o garajau-comum (Sterna hirundo), espécies protegidas pelo Anexo I da Directiva Aves, contando-se também com a presença de espécies como a garça-real (Arrfea cinerea), o pilrito-das-praias (Calidris alba), e o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus). Os ilhéus são ainda uma zona de importante nidificação de aves marinhas, tais como a gaivota, o cagarro e o garajau.
   A zona dos ilhéus também é frequentada por pequenos cetáceos, destacando-se a toninha-brava (Tursiops truncatus) e tartarugas, como a tartaruga-boba (Caretta caretta), espécies constantes do Anexo II da Directiva Habitats da União Europeia.
   O escritor Vitorino Nemésio, na obra "Corsário das Ilhas" (1956) refere-se a estes ilhéus como "…a estátua da nossa solidão."
  

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ilha Terceira - Miradouro da Serra do Cume.


O Miradouro da Serra do Cume localiza-se no topo do complexo desmantelado da Serra do Cume, no concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira.  De elevado interesse paisagístico, oferecem uma das mais belas paisagens da ilha: de um lado, a 542 metros acima do nível do mar, a baía e cidade da Praia da Vitória conjuntamente com a planície das Lajes e a Base Aérea das Lajes e, pelo outro, a 545 metros acima do nível do mar, a grande planície do interior da ilha, com os seus típicos "cerrados", separados por muros de pedra vulcânica e hortênsias.
   Foi inaugurado a  2 de agosto de 2008 pelo então Secretário Regional da Habitação e Equipamentos, José António V. Silva Contente e pelo então presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Roberto Lúcio Silva Pereira Monteiro.
   O complexo desmantelado da serra do Cume constitui-se nos restos de um primitivo vulcão, possivelmente o vulcão primordial da ilha, que apresenta uma vasta caldeira com um diâmetro de aproximadamente 15 quilómetros.
   A sua erupção formou um maciço de grandes dimensões que ampliou em vários quilómetros os limites da ilha. O interior dessa caldeira constitui-se numa vasta planície atualmente ocupada por largas extensões de vegetação e áreas de pastagem.
   É possível ainda observar pequenos domos vulcânicos, formados por erupções posteriores, que se alinham ao longo de uma falha vulcânica.
   Durante a Segunda Guerra Mundial esta elevação serviu de ponto de controlo militar, ocasião em que foi construído um complexo militar subterrâneo, hoje abandonado, as Casamatas da Serra do Cume.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Personalidades - Natália Correia.

Natália Correia nasceu na Ilha de S.Miguel, freguesia da Fajã de Baixo a 13 de Setembrode 1923  e faleceu em Lisboa a 16 de Março de 1993.
   Foi  uma intelectual, poetisa e activista social açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia.
   Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
   A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.
   Na madrugada de 16 de Março de 1993, morreu, subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de regressada do Botequim. A sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ilha do Faial -Praia do Almoxarife


A Praia do Almoxarife ocupa uma superfície total de 10,04 km² com 834 habitantes (2011). Tem uma densidade populacional de 83,1 hab/km² e conta com 597 eleitores inscritos.
   É uma freguesia rural de grande beleza natural, situada entre a Lomba da Espalamaca e a Lomba dos Frades, atravessada pela Ribeira da Praia. Tem enseada com um amplo areal. A freguesia deve o seu nome a um almoxarife que aqui teria propriedades ou residia.
   Foi no seu areal que terá desembarcado pela primeira vez, Joss van Hurtere com mais 15 flamengos, em 1465, com intuito de explorar os recursos da ilha.
   Foi ainda local de desembarque de tropas Liberais sob comando do Conde de Vila-Flor, em 23 de Abril de 1831. O Sismo de 1926 derrubou quase a totalidade das casas. Estrategicamente situada em relação à Enseada da Praia, situa-se uma posição militar da II Guerra Mundial construída em 1941, em betão e alvenaria de pedra para 2 metralhadoras pesadas, para repelir com fogo rasante eventuais desembarques.
   Para além culto ao Divino Espírito Santo, a Festa de N. Sra. da Graça (15 de Agosto), a padroeira da freguesia, e regista-se ainda uma forte devoção ao Senhor Santo Cristo da Praia (1 de Fevereiro).
   Diz a tradição, que o crucifixo e imagem do Senhor Santo Cristo, que aqui se venera, o trouxera de Bruges, Joss van Hurtere e seus companheiros. (História das Quatro Ilhas do Distrito da Horta, Silveira Macedo) Conta-se outra lenda que o crucifixo fora achado na praia sem um braço - resultado frequente dos saques às igrejas e conventos pelos corsários e piratas - e que trazido para a igreja. Apesar de todas as tentativas de lhe colocar um novo braço este não aderia. Certo dia, é achado um pedaço de madeira que jogado no lume não ardia. Ao ser levado aos padres, estes o reconhecem como o braço da imagem. Ao ser recolocado, este aderiu. (Crónica da Província de São João Evangelista, Frei Agostinho de Montalverne.
   A freguesia têm o sector primário como actividade fundamental para a economia da sua população. A restauração e restantes sectores ligados ao Turismo são também muito importantes. Possui um amplo areal com a Bandeira Azul, a Praia do Almoxarife (Areal) e um bem equipado Parque de Campismo. Na Ramada do Chão Frio, criado uma área de lazer chamada Poço da Asas. Possuí condições muito atractivas para o Turismo.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Personalidades - Antero de Quental.

Antero Tarquíneo de Quental, nasceu em Ponta Delgada a 18 de Abril de 1842 e faleceu na mesma cidade em 11 de setembro de 1891.
   Foi um escritor e poeta de Portugal que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.
   Nascido na Ilha de São Miguel,  filho do combatente liberal Fernando de Quental (Solar do Ramalho - do qual mandou tirar a pedra de armas da família -, 10 de maio de 1814 - Ponta Delgada, Matriz, 7 de março de 1873) e de sua mulher Ana Guilhermina da Maia (Setúbal, 16 de julho de 1811 - Lisboa, 28 de novembro de 1876), durante a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Iniciou seus estudos na cidade natal, mudando para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura.
   Em 1861, publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais.
   Ainda em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.
   Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.
   Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins, e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social.
   Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas.
   Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins. Entre março e outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do Conde. Devido à sua estadia em Vila do Conde, foi criada nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos".
   Em 1890, devido à reacção nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de Distúrbio Bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, suicidando-se no dia 11 de setembro de 1891, com dois tiros, num banco de jardim junto ao Convento da Esperança, no Campo de São Francisco.
   Os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.
  
   

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Festa da Serreta - Resumo Histórico.


Vários autores, como o Padre Jerónimo Emiliano de Andrade, francisco Ferreira Drumond, Luis da Silva Ribeiro e Pedro de Merelim referiram-se ao historial da Serreta e à sua Padroeira, Nossa Senhora dos Milagres.Alguns atribuem o início deste culto popular ao Sec.XVI, mas outros também referem o ano de 1690.
   Em 10 de Setembro de 1842, deu-se a mudança da Imagem de Nossa Senhora Senhora dos Milagres da freguesia das Doze Ribeiras para o Curato da Serreta, com a primeira missa a ser presidida pelo Cónego Manuel Correia de Ávila.
   Com as peregrinações, com a primeira festa com os toiros bravos a acontecer na Segunda- Feira, 10 de Setembro de 1849, seguiram-se outras festividades que tiveram grande participação popular.
   Por provisão de 24 de Dezembro de 1861, o Bispo de Angra, D.frei Estevão de Jesus Maria, promoveu a freguesia de Nossa Senhora dos Milagres, tendo assumido o cargo de Vigário da nova freguesia, o reverendo José Bernardo Corvelo, até ali cura do lugar.
   A criação da freguesia e paróquia deu-se a 1 de Janeiro de 1862, com o Decreto do rei D.PedroV, de Portugal, de 16 de Outubro de 1861e contou com o apoio do então secretário-geral, no exercício de Governador Civil Jácome de Bruges e da Edilidade que muito se interessaram por esta elevação da Serreta, incorporando a Fajã, que foi desligada da paróquia dos Altares, até ao Penedo além da Ribeira dos Catorze, "por ter para isso as proporções necessárias, com grande população, boa Igreja para servir de Matriz, excelente Passal para residência do Vigário, grande abundância de água e ser um lugar muito distante da freguesia de S.Jorge, das Doze Ribeiras", conforme pode ler-se no acordão de 3 de Abril de 1861, com o parecer positivo da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo enviado à consideração régia.

sábado, 8 de setembro de 2012

Ilha Terceira - Monte Brasil


O Monte Brasil, é um morro com crateras de antigos vulcões, constitui uma península sobranceira à cidade de Angra do Heroísmo, na freguesia da Sé. No istmo, foi construído o Forte de São João Batista, em 29 de maio de 1591, uma das mais vastas e importantes fortalezas dos finais do século XVI construídas no nosso país.
   Denominado Castelo de São Filipe até à Restauração (1641), o Castelo de São João Batista tem servido, desde o século XVI, de quartel das diversas unidades militares, que ao longo de reformas sucessivas tem ocupado as suas instalações. Foi elevada a fortaleza de 1.ª classe em 21 de dezembro de 1863. Desde 1993, é sede do quartel do Regimento de Guarnição.
   Pelo Decreto 32973, de 18 de agosto de 1943, a Igreja de São João Batista, a fortaleza e as suas muralhas, foram classificadas como «Imóvel de Interesse Público», com vista à sua conservação e proteção, uma vez que se verificavam permanentes atentados à multicentenária fortificação.
   O Monte Brasil constitui ainda um parque natural da cidade, com espécies arbóreas e arbustivas de especial interesse e com excelentes miradouros, não só sobre o aglomerado urbano, como também sobre grande parte da costa sul da ilha e ilhas situadas a ocidente. Possui um trilho pedestre.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ilha de S.Miguel- Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões.



O Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões localiza-se ao longo de parte do curso de água da Ribeira dos Caldeirões, na freguesia da Achadinha concelho do Nordeste.
   Localiza-se nos declives da Serra da Tronqueira e ocupa parte do curso da Ribeira do Guilherme, ribeira onde também se localiza o Jardim Botânico da Ribeira do Guilherme.
   Neste parque natural é possível observar uma abundante e variada flora macaronésica, onde a Laurissilva é dominante e onde se destacam fetos arbóreos de grande porte. Igualmente encontram-se abundantes maciços de hortênsias e criptomérias de grande porte.
   É de destacar neste parque natural que se prolonga ao longo do curso da ribeira a existência de uma cascata
que alimenta com água parte do parque.
   O facto de nas suas florestas se encontrar o Priolo associado a variedade vegetal levou à inclusão de parte do parque na Zona de Protecção Especial do Pico da Vara e Ribeira do Guilherme.
   Também se podem encontrar antigos moinhos de água, sendo que num deles se encontra um museu etnográfico. As casas dos moleiro foram transformadas em loja de artesanato e a turismo rural.
   Neste espaço existem ainda serviços de cafetaria, um parque de merendas e um parque infantil.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Manuel de Arriaga


Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue , nasceu na  Horta a 8 de Junho de 1840 e faleceu em Lisboa, 5 de Março de 1917.
   Foi advogado, professor escritor e político.
   Grande orador e membro destacado da geração doutrinária do republicanismo português, foi dirigente e um dos principais ideólogos do Partido Republicano Português. A 24 de Agosto de 1911 tornou-se no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Exerceu aquelas funções até 29 de Maio de 1915,[data em que foi obrigado a demitir-se, sendo substituído no cargo pelo mesmo Teófilo Braga, que como substituto completou o tempo restante do mandato.
   Nasceu na casa do Arco, no centro da cidade da Horta, ilha do Faial, filho de Sebastião José de Arriaga Brum da Silveira e de sua esposa Maria Cristina Pardal Ramos Caldeira. Pertencente à melhor sociedade faialense, o pai era um dos mais ricos comerciantes da cidade, último administrador do morgadio familiar e grande proprietário. A família, com pretensões aristocráticas, traçava as suas origens até ao flamengo Joss van Aard, um dos povoadores iniciais da ilha. Foi neto do general Sebastião José de Arriaga Brum da Silveira, que se distinguira na Guerra Peninsular, e sobrinho-neto do desembargador Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, que em 1821 e 1822 fora deputado pelos Açores às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa.
   Depois de concluídos os estudos preparatórios na cidade da Horta, em 1860 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, sendo acompanhado pelo seu irmão, José de Arriaga, quatro anos mais novo. Em Coimbra cedo se revelou um aluno brilhante e um orador notável. Aderiu ao positivismo filosófico e ao republicanismo democrático, passando a ser frequentador assíduo das tertúlias filosóficas e políticas, onde se destacava pela sua verve e capacidade argumentativa.
   Esta adesão ao ideário republicano, então considerado subversivo, levou a que o pai, monárquico conservador com laivos miguelistas, cortasse relações com o filho, proibindo-lhe o regresso a casa. Nessas circunstâncias foi obrigado a trabalhar para sustentar os seus estudos, e os do irmão, igualmente proscrito pelo pai por adesão a ideologias subversivas. Leccionava inglês como professor particular, aproveitando os bons conhecimentos daquela língua que adquirira na Horta com a preceptora americana contratada pela sua família. O seu irmão escrevia em diversos jornais de Coimbra e de Lisboa, vindo a revelar-se um polígrafo de mérito.
   Manuel de Arriaga iniciou o seu percurso parlamentar apresentando de imediato uma proposta que visava eliminar o juramento de fidelidade ao rei e à Carta Constitucional a que estavam obrigados os parlamentares, proposta que obviamente foi de imediato rejeitada. Apresentou durante o ano de 1883 diversas propostas legislativas, todas sem sucesso. Até ao termo da legislatura, que terminou com a 3.ª sessão legislativa a 17 de Maio de 1884, limitou-se a renovar, em conjunto com Elias Garcia, uma iniciativa legislativa. Durante estes dois anos no Parlamento renunciou ao seu vencimento como professor liceal, recebendo apenas o subsídio parlamentar a que tinham direito os deputados. Terminado o mandato, não foi reeleito.
   Foi um dos principais autores do programa do PRP apresentado ao público no dia 11 de Fevereiro de 1891. A partir daí participou frequentemente nos comícios de propaganda republicana, onde a sua capacidade oratória e a sua retórica rica e inflamada era muito apreciada pelas camadas populares. Aliás essa sua presença em comícios já vinha desde longe, já que em 1883 já participara num comício dissolvido pela força, razão que o levara depois a protestar veementemente nas Cortes.
   Na Assembleia Nacional Constituinte revelou-se um orador notável, tendo muitos dos seus discursos dado um impulso não negligenciável à causa republicana. Não partilhava, porém, o anti-clericalismo próprio dos primeiros republicanos portugueses.
   Se não há dúvida que Manuel de Arriaga foi uma das figuras mais prestigiadas do republicanismo na oposição à Monarquia Constitucional Portuguesa, menos consensual foi a sua acção política como Presidente da República, especialmente nos últimos meses do mandato. Embora amargurado e sentindo-se incompreendido e injustiçado pelos vitupérios de que era vítima por parte dos seus próprios correlegionários republicanos, publicou, em 1916, um livro intitulado Na Primeira Presidência da República Portuguesa, um verdadeiro testamento da sua acção política.
   Morreu em Lisboa a 5 de Março de 1917, dois anos depois de ter abandonado a Presidência da República. Foi sepultado em jazigo de família no Cemitério dos Prazeres. Em cumprimento da decisão votada por unanimidade pela Assembleia da República, constante da Resolução da Assembleia da República n.º 49/2003, de 4 de Junho, foi trasladado para o Panteão Nacional de Santa Engrácia. A cerimónia solene de trasladação ocorreu em 16 de Setembro de 2004, com a presença do Presidente da República, do Primeiro Ministro e das mais altas individualidades do Estado Português.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ilha do Corvo - Geologia.


A ilha localiza-se sobre a placa tectónica norte americana, a oeste do rifte da Crista Média Atlântica (sigla CMA), edificada sobre fundo oceânico com cerca de 10 milhões de anos. As ilhas das Flores e do Corvo emergem do mesmo banco submarino, de orientação NNE-SSO. A sua tectónica é controlada por falhas orientadas aproximadamente Norte-Sul, paralelas à Crista Média Atlântica e por falhas transformantes com direcção Oeste-Este, que segmentam o vale do rifte. A ilha corresponde a um vulcão do tipo central, que começou a emergir há cerca de 730 mil anos. O colapso da cratera terá ocorrido há 430 mil anos. Antes da formação da cratera, estima-se que o cone central teria cerca de 1 000 metros de altitude.
Aliado à erosão marinha, a ilha enfrenta erosão provocada pelos ventos dominantes de nordeste e oeste. As vertentes do vulcão encontram-se parcialmente preservadas nos flancos Sul e Leste (com altitudes entre 150 a 250 metros), muito reduzidas pelo recuo das arribas litorais a norte e completamente ausentes a oeste (com altitudes entre 500 a 700 metros). O recuo das arribas já alcançou o bordo oeste da caldeira. Na vertente sul, sobressaem cones secundários – Coroínha, Morro da Fonte, Grotão da Castelhana e Coroa do Pico – que se encontram bem preservados da acção erosiva, responsáveis pelo derrames basálticos que formaram a fajã lávica (com altitudes entre 10 a 60 metros).
A extremidade noroeste da ilha constitui a Ponta Torrais, saliente e notável, em espinhaço aguçado e com cristas pontiagudas, tendo na sua face norte um pequeno ilhéu cónico, o ilhéu dos Torrais. Na costa norte e noroeste existe outro pequeno ilhéu, o Ilhéu do Torrão, e alguns recifes submersos perigosos para a navegação

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aeroporto de Vila do Porto - meados do Sec.XX.

 1952 -Chegada dos Americanos a Vila do Porto e desembarque de equipamentos para construção do aeroporto.
 Anos 60- Aeroporto - Clube Asas do Atlântico.
 Anos 60 -Piscina do Aeroporto.
Anos 70 - O Concord da Air França estacionado no Aeroporto