Há dias na ilha que não apetece contar o tempo, que não apetece, actuar nem
intervir.Fazê-lo é quebrar a harmonia e a quietude que tudo protege e
aconchega.
A fuga à realidade criou outra realidade, fictícia e feliz.É
fácil acreditar nela, tomá-la por única, por autêntica, até se tornar mesmo
única e autêntica.O futuro parece frágil.A quebra das exportações, o corte dos
subsídios e a falta de emprego podem alterar o algodão em rama do presente.
Há na ilha uma certa atmosfera de fim.Séculos de cruzamentos entre a Europa, a
América, a África, a Ásia, deixaram-lhe melancolias irreversíveis.
Os seus
habitantes silenciam-se.A mistura de sangues afeiçoou-os as parecenças e as
vibrações.
Percorrer as ruas e as canadas da vila, saborear o queijo, parar
no Outeiro, sentir os cheiros, ouvir os sussurros, é entrar num tempo dilatado
do tempo, coisa só possível em espaço de eleição.
Mas, eis que surge outro
dia.Luminoso, quente, suave, transparente.Tudo muda.A vontade de trabalhar, de
vencer, de sorrir, de andar em frente.`
É a ilha e os corvinos!!!
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