segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ilha do Corvo - Murmúrios.

Há dias na ilha que não apetece contar o tempo, que não apetece, actuar nem intervir.Fazê-lo é quebrar a harmonia e a quietude que tudo protege e aconchega.
A fuga à realidade criou outra realidade, fictícia e feliz.É fácil acreditar nela, tomá-la por única, por autêntica, até se tornar mesmo única e autêntica.O futuro parece frágil.A quebra das exportações, o corte dos subsídios e a falta de emprego podem alterar o algodão em rama do presente.
Há na ilha uma certa atmosfera de fim.Séculos de cruzamentos entre a Europa, a América, a África, a Ásia, deixaram-lhe melancolias irreversíveis.
Os seus habitantes silenciam-se.A mistura de sangues afeiçoou-os as parecenças e as vibrações.
Percorrer as ruas e as canadas da vila, saborear o queijo, parar no Outeiro, sentir os cheiros, ouvir os sussurros, é entrar num tempo dilatado do tempo, coisa só possível em espaço de eleição.
Mas, eis que surge outro dia.Luminoso, quente, suave, transparente.Tudo muda.A vontade de trabalhar, de vencer, de sorrir, de andar em frente.`
É a ilha e os corvinos!!!

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